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25 de fevereiro de 2018 · Leitura de 3 min · Escrito por Carla Vieira

A parte que falta… e a incompletude da vida

Durante essa semana, viralizou no facebook e twitter o mais novo vídeo da youtuber Jout Jout. Após assistir o vídeo entendi perfeitamente o porquê: em quase nove minutos, Jout Jout lê o livro infantil A Parte que Falta, do poeta, músico e ilustrador Shel Silverstein.

Durante essa semana, viralizou no facebook e twitter o mais novo vídeo da youtuber Jout Jout. Após assistir o vídeo entendi perfeitamente o porquê: em quase nove minutos, Jout Jout lê o livro infantil A Parte que Falta, do poeta, músico e ilustrador Shel Silverstein.

Acredito que a reação exagerada sobre o vídeo diz muito mais sobre o mundo que estamos vivendo do que o próprio vídeo, né?

O vídeo foi lançado há menos de uma semana e já tem gente falando que foi uma virada de chave na vida, outros tatuando e falando o quanto o vídeo fez enxergar o mundo de outra forma.

O ponto nem é sobre como cada um se sente, o que faz com o próprio corpo ou sobre a Jout Jout (que inclusive, gosto muito), mas como existe uma “pressão” em ser feliz ou se sentir bem o tempo todo. Você não pode estar triste e não pode sequer estar normal sem ser taxado de acomodado ou “estar na zona de conforto”. Mas mostra como as pessoas ainda não tinham parado para pensar sobre o assunto, como isso ainda é pouco falado, como ainda hoje a saúde mental acaba sendo deixada de lado. Falar sobre saúde mental importa demais e eu vou ser sempre a primeira a defender isso.

Sobre o livro

No livro “A Parte que Falta”, o autor aborda a busca do autoconhecimento e da completude e todos nós já passamos por isso em alguma fase de nossas vidas, assim como iremos continuar passando a todo o tempo.

O livro fala sobre quem somos, qual o nosso lugar no mundo.

Quem nunca se sentiu perdido, procurando entender qual sua missão nesse mundo? Eu já me senti assim milhares de vezes em diferentes etapas da minha vida.

O livro foi escrito para as crianças, mas encanta ainda mais aos adultos, por que fala de algo inerente ao ser humano: a incompletude.

É estranho imaginarmos que, mesmo adultos, sentimos como se nos faltasse um pedaço, algo que não veio junto conosco.

É uma espécie de “buraco”, que se transforma em inquietação, insatisfação, num vazio permanente que nos acompanha nos anos de infância, adolescência, vida adulta, maturidade e velhice… e não desaparece nunca.

Não importa quanto sucesso, ou fama, ou dinheiro, ou amor, ou o que mais uma pessoa tenha. Sempre faltará algo, nesta nossa busca chamada “vida”!

Somos seres desejantes destinados a incompletude, e é isso que nos faz caminhar (Jacques Lacan)

O ser humano é um ser de falta! No livro, a metáfora dessa temática se dá por meio da história de um ser circular a quem falta uma parte. Otimista, ele se lança no mundo à procura de preencher esta lacuna.

Ser circular apresentado no livro “A parte que falta”Ser circular apresentado no livro “A parte que falta”

Liberdade e autoconhecimento

Somos preparados e incentivados a sermos dissimulados, produtivos e silenciosamente infelizes. É uma pressão tão grande em ser e estar motivado o tempo todo que as pessoas vão se apegando a qualquer migalha de positividade que é jogada para elas.

À medida que descobrimos o universo ao redor — e também a nós mesmos –, percebemos que as relações interpessoais são muito mais complexas e delicadas do que pensávamos e que a felicidade quase sempre está dentro de nós mesmos — e não no outro. Uma prova de que a liberdade é o maior bem que podemos possuir.

Superação e amor próprio

Silverstein tematiza o amor próprio, tendo como palavra de ordem a superação.

Após ser abandonada pelo ser circular, a parte que falta inicia a busca por alguém a quem possa completar. Mas uns não sabem nada sobre o que ela procura, outros não sabem nada de nada, outros já têm partes demais.

Na verdade, ela até encontra um ser com encaixe perfeito, mas quem poderia imaginar que a convivência duraria pouco? É o Grande O quem lhe dá a dica: Por que não tentar rolar sozinha? Uma bonita reflexão sobre acreditar em si mesmo e ir além.

Simplicidade

Eu dificilmente conseguiria descrever de forma tão simples e tão profunda uma temática humana como essa. Chorei assistindo ao vídeo, chorei lendo o livro e por isso quis compartilhar com vocês algumas reflexões.

Como explicar a sensação humana de incompletude?

Dois livros com diálogos simples, mas com reflexões complexas.

Dois livros com imagens comuns, mas análises profundas sobre quem somos, que lugar ocupamos no mundo.

Dois livros surpreendentes que nos levam a pensar em quanto acreditarmos em nós próprios, independente de termos “uma parte que nos complete”.

Um livro para crianças em fase de descobertas e perdas. Um livro para adultos em qualquer época da vida.

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